Sala de Máquinas

Depois de arrumar umas coisas no meu quarto não tinha mais nada para fazer, por isso decidi sair daquele sítio e ir ao ginásio. Paguei ao taxistas e entrei no ginásio. Conhecia uma das pessoas por isso pagava menos, o que era óptimo porque assim podia ao menos fazer exercícios. Depois de mudar de roupa fui até à sala de máquinas e comecei por correr na passadeira.

Depois de me despedir da Elaine, fui até ao meu quarto para pegar no saco de desporto que tinha sempre pronto no roupeiro e saí do orfanato. Conduzi pela cidade até chegar ao ginásio e fui ao balneário para vestir o meu top e calções, dirigindo-me para as passadeiras assim que fiquei pronta. Juntei as sobrancelhas ao ver o James e ri-me - Andamos a encontrar-nos muito, Dark.

Ouvi alguma voz ao fundo da minha música nos auscultadores e revirei os olhos quando olhei para o meu lado. Apenas tirei um dos phones e olhei-a meio de lado - é bom que me deixes em paz - disse-lhe. Nem fora do orfanato tinha sossego, já não bastava vê-la sempre lá, agora até ali a tinha que a aturar, daqui a pouco ia falar mal da forma como corria.

Ri-me ao ver o ar de afetado dele, seguido da sua frase super mázona e subi para a passadeira que havia ao lado dele e que estava vazia - És sempre tão bem educado, já viste? - perguntei irónica enquanto carregava no botãozinho para aumentar a velocidade da passadeira - É por isso que ninguém gosta de ti lá no orfanato. Só a minha tia mas ela tem de gostar de vocês todos.

Respirei fundo para aguentar a velocidade e para a aguentar a ela. - Eu sou bem educado para quem merece e não preciso que ninguém goste de mim. - disse - e pelo menos temos uma coisa em comum. Só a tua tia é que gosta de ti e da tua irmãzinha clone. - Aumentei o som da música num dos ouvidos.

- Oh sim, muito bem educado. - agarrei no meu mp3 quando coloquei a velocidade que queria e coloquei os fones nos ouvidos, carregando no play de seguida - Bem, ao menos a minha família gosta de mim, já é mais do que se pode dizer da tua. - às vezes não sabia como é que eu não levava socos ou algo do género mas devia ter uma proteção fixe qualquer que me fazia chateá-los e sair na boa. Pelo menos por enquanto tinha sido assim.

Eu não acreditava que ela tinha dito aquilo. A última coisa que alguém diz a uma pessoa que não tem pais, como eu e todas as outras pessoas no orfanato, é que a família não gosta dela. Bem, se calhar não gosta nem desgosta, porque não existe. Parei a passadeira aos poucos e olhei-a. - Por alguma razão também cresceste onde eu cresci. - respondi-lhe indo para os pesos.

Não parei a passadeira mesmo quando ele ficou a olhar para mim com aquela cara de carneiro mal-morto e encolhi os ombros - Os meus pais foram mortos num acidente de carro. - agarrei na minha toalha para limpar a testa - Eles gostavam de mim. - olhei distraidamente para o James que se dirigia para os pesos - Por isso lamento desiludir-te.

Cerrei o maxilar enquanto levantava os pesos e levantei o olhar para ela, eu queria ignora-la, mas era impossível quando ela falava deste tipo de coisas - provaste agora que não sabes mesmo nada sobre mim e sobre o meu passado, por isso devias estar calada antes de dizer porcaria.

Encolhi os ombros quando o ouvi e aumentei a velocidade da passadeira e o som da minha música - Eu não preciso saber da tua história de vida triste que levou a que ficasses órfão. - diminui a velocidade da passadeira quando precisei de beber água - Só preciso de saber os teus segredos todos que não queres que ninguém saiba. - disse com um sorriso.

Mandei os pesos para o chão por já estar farto de estar ali e levantei-me de repente indo até à frente dela, onde estava a passadeira - então não fales da minha família. Porque eles gostavam de mim- disse entredentes quase disposto a manda-la para o outro lado do ginásio. - Não vais descobrir nenhum segredo meu - disse agarrando na toalha e comecei a sair dali, o que eu precisava mesmo era de um mergulho, pelo menos lá eu sabia que ela não estava.

- Sim sim, continua a enganar-te a ti mesmo. - disse-lhe com um sorrisinho enquanto lhe acenava adeus com a mão. Parei a passadeira assim que me fartei e limpei a testa que estava molhada com a toalha, bebendo de seguida mais uma grande quantidade de água. Olhei em volta para pensar o que podia ir fazer mas não me apetecia nada daquilo. Encolhi os ombros e caminhei para onde o outro tinha ido. Chateá-lo era giro.