Jardim

Depois de tomar duche e mudar de roupa, voltei para o orfanato. Ainda tentei ir para o meu quarto mas não havia nada para fazer no mesmo por isso optei por ir passear novamente. Mas como ainda não estava a tentar descobrir os podres dos órfãos, só queria ficar sozinha a pensar, por isso aproveitei que não havia ninguém no jardim. Sentei-me na relva e tirei o maço de tabaco do bolso, acendendo um cigarro de seguida.

Encostei a cabeça ao muro, estava com uma horrível dor de cabeça e não sabia porquê. Devia ter sido do cloro como sempre. Fiz uma careta por mal conseguir abrir os olhos e tirei um cigarro do bolso que tinha roubado a um dos orfãos mais novos, que os fumavam às escondidas e acendi-o com o isqueiro para ver se pelo menos me acalmava o stress que andava a sentir nos últimos dias.

Juntei as sobrancelhas quando vi o outro a comportar-se como um zombie e levantei-me, sacudindo o rabo por me ter sentado na relva - O que é que estás aqui a fazer, stalker? - perguntei com um meio sorriso depois de dar mais uma baforada no meu cigarro - Estás com péssimo aspeto, precisas de ir à enfermaria? - perguntei com um beicinho.

Afastei o meu cigarro mandando-o para a relva e virei a cara quando ouvi alguém a aproximar-me. Suspirei ao ver a outra, era a terceira vez só hoje que nos cruzavamos, eu estava a ficar mesmo farto - Estou a fazer o mesmo que tu - passei uma mão pelo minha cabeça - apenas cala-te.

- Wow que agressividade. - abanei a cabeça e dei mais uma baforada no meu cigarro enquanto o olhava de alto a baixo - Estava a ver se estás bem mas esquece lá, mais vale morreres para ai. - encolhi os ombros e virei-lhe costas, voltando a caminhar até ao sítio onde tinha estado sentada antes. Apaguei o cigarro na terra quando só tinha uma pontinha e fiquei a olhar para as flores à minha frente. Podia não gostar do facto de estar no orfanato mas aquilo era da minha família e era lindo, tinha que admitir.

-Como se te importasses realmente - comentei com a dor de cabeça a acalmar e comecei a massajar a minha nova endireitando-me e olhando-a - dá-me um cigarro - estiquei a mão para que ela mo desse - se faz favor. - continuei com um revirar de olhos.

- Nunca se sabe mas agora podes morrer para ai que não quero saber. - disse com um encolher de ombros. Levantei o olhar para ele quando o ouvi a falar de novo e juntei as sobrancelhas. Tirei o maço de tabaco do bolso das minhas calças e estendi-lhe um cigarro - És tão bem educado quando queres. - disse-lhe com um sorriso cínico - Se bem que não vejo que seja uma boa ideia fumares se estás quase a morrer.

Olhei para o maço dela e sorri interiormente. Não lhe agarrei no cigarro que me estendia mas sim no maço levantando-me logo e dando dois passos largos para trás, antes que ela me apanhasse - Estou longe de morrer para tua infelicidade - disse com um sorriso e afastei-me do jardim, guargando o maço dentro de um dos bolsos das minhas calças.

- Hey! - exclamei quando ele me tirou o maço de cigarros da mão, deixando-me apenas com o cigarro que era suposto ser para ele - És tão estúpido! - gritei chateada enquanto me levantava e coloquei o cigarro na boca para não o deixar cair ou algo do género - Devolve-me o maço. - disse de olhos semicerrados enquanto colocava os meus braços à volta dele para chegar ao bolso onde ele o tinha guardado.

Levantei as mãos rindo-me quando ela me veio apalpar - tem lá calminha, toda a gente sabe que tens este fetiche por me apalpar e fazer mais coisas, mas isso não vai acontecer - disse como um sorriso cinico e agarrei no maço quando me consegui afastar dela, tirando os cigarros e atirando-lhe o maço vazio - era o que querias não era?

- Claro que sim, passo a noite a sonhar contigo. - gritei irritada. Endireitei-me e respirei fundo para me acalmar. Era isto que ele queria e eu não lhe ia dar esse prazer. Agarrei no maço e atirei-lho à cara o que infelizmente magoava pouco. Sorri-lhe cinicamente e atirei-me também o cigarro que ainda tinha na mão - Fica com ele, eu percebo. Os pobres têm de roubar. Se quiseres da próxima vez que comprar para mim compro um a mais para ti.

Comecei a rir bem alto quando ela gritou comigo, ela adorava chatear-me e ver-me chateado e irritado, mas quando era eu a tentar, ela já não gostava. Pois, bem me parecia. Fiquei mais sério quando ela me chamou de pobre e sorri cinicamente - eu não quero que me dês nada. Prefiro roubar.

- É, tens mesmo ar disso, ainda bem que já tens dezoito anos, assim vais para a prisão em vez do reformatório. - sorri-lhe cinicamente de novo e virei-lhe costas. Precisava de comprar outro maço já que não tinha nenhum. Sai do orfanato e felizmente havia um quiosque do outro lado da rua. Assim que comprei o maço de tabaco, voltei para o orfanato e dirigi-me ao refeitório para comer qualquer coisa.

- Podes esconder-te durante um tempo no meu quarto, a sério, é na boa. - disse-lhe com um encolher de ombros e assim que saímos do orfanato para o jardim do mesmo, estiquei a mão na direção do James para ele me dar um cigarro - Também quero. - disse dando-lhe um pequeno empurrão com a cintura. Não era uma coisa que eu passasse a vida a fazer mas de vez em quando não fazia mal a ninguém.

Olhei-a quando me esticou a mão - eu já te disse que não te dou nenhum cigarro - fumar não era a minha coisa favorita de fazer, era um vicio. - Não vou deixar que apanhes os mesmos vícíos que eu - acendi o mesmo e sentei-me no banco. - mas obrigado por me deixares ficar no teu quarto - disse com um sorriso - vamos ver é se ninguém nos apanha.

Revirei os olhos com o que ele disse e quando o apanhei distraído tirei-lhe o cigarro que tinha na boca e dei uma baforada no mesmo - Já devias saber que eu sou fixe. - disse com um ar superior antes de lhe devolver o cigarro. Encostei-me a ele e encolhi os ombros, deitando de seguida a cabeça no ombro dele - De nada, já devias saber que eu te ajudava. E não nos vão apanhar. Se a Emily nos apanhar, podes sempre fazer-te a ela. Vocês têm química, podia ser que com uns beijinhos ela escondesse também o teu segredo.

Revirei os olhos quando ela me tirou o cigarro e agarrei-o, colocando-o na outra mão, mais afastado dela. Fiz uma careta enojada à medida que Jade falava e abanei a cabeça - cala-te antes que eu te faça o mesmo que me apetece fazer a que ela - disse com um revirar de olhos.

Deitei-lhe a língua de fora assim que ele ficou todo mal disposto e deitei-me na relva - És mesmo refilão, ainda me vais é convidar para o vosso casamento. - disse com um meio sorriso. Podia nunca ter tido irmãos se bem que ali no orfanato era como se fôssemos todos irmãos, mas com o James sempre me tinha dado melhor e era mesmo como se fôssemos irmãos porque eu adorava provocá-lo mas se alguém lhe quisesse fazer mal, eu metia as garras de fora.

-Não digas disparates Jade, sabes que a odeio- resmunguei, elas às vezes começava com estas porcarias quando sabia que eu odiava à gaja parecia que adorava gozar comigo. Olhei-a deitada na relva e mandei o meu cigarro para fora - hoje de manhã roubei-lhe o maço de cigarros - disse co, um sorriso -e deitei-os para o lixo. - comecei a rir-me que nem um maluco.

- Eu não percebo porque é que vocês se odeiam tanto. - disse com um encolher de ombros - Eu sei que elas têm a mania porque tecnicamente são donas do orfanato e agora começaram com um blog mas não percebo porque é que vocês chocam tanto. - levantei o olhar para ele quando contou que lhe tinha dado o maço e o deitado fora e desatou a rir - Que maléfico. - disse tentando fazer um ar sério.

Levantei as sobrancelhas quando ela falou num blog - que blog? - perguntei com uma careta e revirei os olhos - eu acho que é bastante óbvio Jade. Ela está sempre a picar-me para me ver chateado. E diz que vai descobrir os meus segredos todos. Uhhh - revirei os olhos e assenti com a cabeça - um dia faço pior e deito-a é a ela no lixo. - disse com um sorriso maldoso.

Olhei para ele com uma sobrancelha levantada - O blog delas com as fofocas. Agora além de falarem connosco vão publicar tudo num blog. O primeiro post delas foi ontem. - disse com um encolher de ombros - Acho que toda a gente já sabe, deves ser o único que não sabe nada disso. - dei-lhe um pequeno encontrão e um beijinho na bochecha - Tenho fome, vamos comer alguma coisa?

Levantei as sobrancelhas quando ela me explicou que tipo de blog era aquele. - mas elas são o quê? Umas misses ricas sem vida? - perguntei - e eu a pensar que a gente rica tinha muita coisa para fazer - eu passava-me com isto. Olhei para Jade - é só para veres a importância que lhe dou. - assenti com a cabeça e levantei-me - vamos.

Ri-me com o que ele disse e encolhi os ombros - Não sei, mas o blog começou e acho que elas não se vão fartar de descobrir tudo e contar a toda a gente lá. - sacudi o meu rabo por causa da relva e agarrei-me ao braço do James para caminharmos novamente para dentro do orfanato mas desta vez em direção ao refeitório para irmos comer qualquer coisa - A seguir poder ir à tua vida, não tens de ficar comigo.